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O que é o tempo?


Agora é madrugada. Saí agora há pouco do quarto para beber água e estava um silêncio normal como qualquer outra madrugada. Ao voltar para o meu quarto, percebi que o ponteiro do relógio fazia um barulho que naquele momento foi bem agradável para mim. Pelo menos alguma coisa para quebrar aquele silêncio. Foi então que eu comecei a pensar sobre o Tempo. Um conjunto gigantesco de segundos durante o dia, durante a semana, durante anos, durante a vida. O Tempo está presente em cada passo de nossas vidas, desde o momento que nascemos até o momento que morremos. Na verdade, desde que nascemos, ele marca o quanto já vivemos e, se soubéssemos quando morreríamos, marcaria também o quanto falta para morrermos. Uma fila que não se pode enxergar o fim e nem quem está na sua frente ou atrás de você. Mas desde quando?

Decidi recorrer mentalmente ao ponto mais antigo possível das Sagradas Escrituras em que eu lembrava de alguma menção ao Tempo. E me lembrei: o tempo de vida de Adão, que foram 930 anos e morreu. E foi então que eu percebi que o Tempo não está na lista de coisas que Deus criou, pelo contrário, o Tempo não é algo criado, é simplesmente uma consequência. A consequência do pecado! Alguns poderão argumentar que os 7 dias da Criação e descanso de Deus é um sinal de que Ele criou o Tempo. Vejamos, a palavra hebraica para dia é yowm, e ela pode significar dia, ano, tempo ou período. E quanto a "No princípio"? A mesma lógica se aplica quando pensamos que se trata de um período na Eternidade. Quando Deus explicita um momento inicial para a Criação, Ele está deixando claro que Ele já existia, ou melhor, que Ele sempre existiu.

Reflitamos um pouco agora. Qual o sentido de se falar em tempo se tudo foi criado para ser eterno? Suponhamos que Adão e Eva não tivessem pecado e vivêssemos eternamente, qual seria o sentido de se haver a demarcação de tempo? Eu comemoraria meu aniversário de trezentos e dois trilhões duzentos e vinte e nove bilhões oitocentos e setenta e seis milhões e quinhentos e trinta e sete mil anos de vida? Certamente que não! Assim como a Eternidade é infinita, o Tempo seria algo infinitamente irrelevante, ou seja, não existiria. Imagine uma fita de tamanho infinito que não tem um começo e nem um fim. A Criação é como um pingo de tinta que cai em alguma parte de uma fita e que, a partir do seu ponto inicial, começaria a escorrer rumo ao infinito. Quando se está na Eternidade, pouco importa o quanto esse pingo de tinta já escorreu em relação ao seu marco inicial. E isso nos leva a perceber que Moisés não se referia a dias ao descrever a Criação, mas se referia a etapas, a períodos na Eternidade. Em cada etapa Deus criou um conjunto de coisas. E a última etapa foi a criação do ser humano, à Sua imagem e semelhança. Um ser santo e eterno como Ele!

Mas o pecado entrou no mundo e com ele trouxe a morte. Se antes éramos eternos, agora nós morremos. E Adão gerou seu filho Sete (e certamente todos os outros) à sua imagem e semelhança, agora pecador e imortal (Gênesis 5:3). E o Tempo surge como uma demarcação da nossa breve vida e assume uma relevância absurdamente grande para nós. Tão grande que Jesus veio à Terra e nos alertou durante todo o Seu ministério sobre a importância da Eternidade. Ainda na analogia da fita, o Tempo então seria a atitude de se importar com o quanto aquele pingo de tinta já se afastou daquele marco inicial e até que marco à sua frente ele prosseguirá antes de desaparecer. Passamos a dar mais valor ao Tempo do que à Eternidade. Alguns reduziram a Eternidade a nada, a ponto de acreditarem que só vivemos essa breve vida e desaparecemos para sempre ao morrermos. Não só isso! Agora sabendo que esse pingo de tinta irá só até certo marco nessa fita antes de morrer, o mais importante é o exato ponto em que esse pingo de tinta se encontra e tudo que ele pode aproveitar antes de chegar no seu limite da fita e morrer. Em outras palavras, a Eternidade é substituída pela supervalorização do Tempo, e não qualquer Tempo, mas o Agora e tudo o que o Agora pode nos proporcionar. Que grande virada de jogo do Tempo sobre a Eternidade, não é mesmo? Por enquanto! Cremos que o nosso Senhor Jesus voltará para nos buscar e viveremos a Eternidade com Ele, onde o Tempo voltará a ser nada. Mas até que isso aconteça, voltemos à explicação de como o Tempo tomou a proporção que tem hoje.

Após o pecado de Adão e Eva, eles não eram mais imortais. O salário de seus pecados era a morte e isso afetou toda a Terra! Mas antes que morressem, o Senhor Deus determinou que o homem trabalhasse para que pudesse comer e a mulher teria dores de parto. Vamos imaginar então uma coisa simples a partir dessa informação. O homem precisaria agora cultivar a terra se quisesse se alimentar. Eles não teriam mais o paraíso que era o Éden para viverem sem esforço. Qualquer coisa que eles cultivassem na terra demoraria um tempo para nascer, crescer e dar frutos. Teoricamente este seria o primeiro ponto de demarcação do tempo: já que do fruto do meu trabalho o homem comerá, quanto tempo demora para uma planta comestível nascer, crescer e estar boa para se comer? Seguindo essa linha de raciocínio, temos também que nem toda planta nasce em todas as estações do ano. Algumas só nascem no verão, outras na primavera, e assim por diante. Se hoje é inverno, quanto tempo falta para chegar a primavera para que eu possa cultivar certa planta? Quanto tempo uma fruta arrancada de uma árvore continua boa? E se agora o homem morre, é importante saber quanto tempo eu vou viver. E como mensurar isso? Existe um ciclo constante que se alterna entre dia e noite. A cada um conjunto de dia e noite será 1 dia, que é uma fração de um tempo. A cada conjunto de dias, será chamado mês e a cada conjunto de meses será chamado 1 ano.

Então a demarcação do Tempo surgiu nas coisas mais singelas do cotidiano porque assim se tornou necessário para a organização da vida humana após o pecado inicial. E à medida que a sociedade humana foi se tornando cada vez mais complexa nas suas relações, a demarcação do Tempo foi se tornando cada vez mais precisa. De 1 dia, surgiu as horas, das horas surgiu os minutos, dos minutos os segundos, dos segundos os milésimos de segundos, destes os milionésimos de segundos, destes os bilionésimos de segundos. Tudo na medida que o ser humano precisou cada vez mais da precisão do Tempo. Já imaginou um nadador profissional sem o auxílio dos milionésimos de segundos? Ou os cientistas de um acelerador de partículas sem o auxílio dos bilionésimos de segundos? Agora olhe para o passado. Será que há 500 anos essas medidas de tempo tão precisas eram necessárias? Certamente que não!

O Tempo é parte de toda a nossa vida, e durante todo o período bíblico até os dias de hoje o Senhor usa o Tempo para executar os Seus propósitos no nosso meio de forma que nós possamos entender a partir de uma raciocínio linear. A História trata de desenhar a linha do tempo com todos os seus detalhes e por meio dela podemos olhar para o passado e compreender tudo o que já aconteceu dentro dos limites desse Tempo. Ele não é algo bom ou mau por si, mas a forma que o enxergamos e a forma como o utilizamos pode ser algo ruim.

A grande armadilha do Diabo é que nos concentremos ou nas ilusões do Agora que ele tem para nos oferecer ou nas incertezas do Futuro, porque este nunca chega. O Passado já é inalterado, mas ele também pode usá-lo para nos atacar, principalmente quando não cremos verdadeiramente no sacrifício de Cristo por nós. Mas a boa-nova de Cristo é que este Tempo composto de Passado, Presente e Futuro é passageiro, e que o que Ele tem para nós é uma Eternidade onde os efeitos do Tempo não nos alcançam. Todavia, se tivermos que nos concentrar em alguma parte do Tempo, que seja no Presente. O Presente é o ponto mais próximo da Eternidade. É nele que nos conectamos com o Pai, é nele que ligamos céu e terra através da oração. É no Agora que somos libertos da escravidão do pecado e que somos renovados na mente de Cristo. É no Agora que alcançamos a cura da nossa alma e sentimos o perfeito e sublime amor de Deus. A Graça de Deus é concedida no Hoje, não no Ontem ou no Amanhã, mas no Hoje. De todas as partes do Tempo que você deve se concentrar, concentre-se em buscar ao Senhor no Presente; entregue suas ansiedades do Futuro a Ele; e coloque seu fardo do Passado em Cristo, porque o que Ele tem para você é o mais leve.

Que Deus te abençoe!

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"Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios". 1 Tessalonicenses 5:6

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